Yellow Roses

              Sofia nasceu desacreditada. Desde seu primeiro dia de vida, os médicos lhe garantiam um diagnostico recheado com grandes doses de doenças. Cresceu solitária em, uma cidade pacata e pequena para tantos desejos que guardava.
          Ela vivia em uma espécie de utopia ligada a um mundo repleto de sonhos, onde se destacava a imensa e intensa ambição de se casar. Relacionava-se com as pessoas de uma maneira normal, onde nem se podiam perceber seus problemas.
          Aos trinta e quatro anos, já formada uma mulher madura, Sofia conheceu Luis, um homem alto, de cabelos grisalhos, que trazia consigo um charme de galã de novela.  Namoraram e anos após, se casaram em uma igrejinha da vila onde residiam.
          Ela sempre foi apaixonada por rosas amarelas, pois acreditava que esta cor lhe trazia boa sorte e positividade.  Ele sempre a mimou, oferecendo tudo o que gostava por isso o presente de aniversário de casamento a cada ano era um grande buque de rosas amarelas, que eram entregues na porta da casa da esquina, onde eles moravam, juntamente com um cartão que sempre dizia: ‘’Neste ano te amo mais, que anteriormente, meu sentimento por você vai alem de cinqüenta anos e meu coração será seu por toda a vida’’.
          Com o passar dos dias, as doenças presentes no corpo de Sofia, se agravavam. Em uma noite qualquer, foi levada as pressas para o hospital mais próximo, logo o diagnostico era apresentado. A moléstia cardíaca, carregada durante toda sua vida, estava mais forte, e apenas remédios não a amenizavam, era preciso um transplante, que deveria ser feito ainda naquela noite, porém não se encontrava nenhum doador disponível. A vida de Sofia estava em risco, e como uma vela poderia se apagar a qualquer piscar de olhos.
          Luis parecia sofrer mais que sua esposa, e chamando o médico, pediu que imediatamente, preparassem todo o equipamento para a realização da cirurgia, pois ele doaria seu próprio coração para salva-la.
          Foi assim que Luis deu a vida por Sofia, que meses depois ao se recuperar, voltou para a casa, nas vésperas de seu aniversário de casamento. Sabia o que seu marido havia feito por ela, e assim sentia se sozinha, pois era muito difícil viver sem seu companheiro.
          Passou este dia, trancada em solidão e isolamento, então na mesma hora de sempre, a campainha tocou, e lá estavam as rosas, esperando em sua porta.  Recolheu-as e colocou em um lindo vaso. Chocada foi até o telefone ligar para a floricultura. Quando ouviu a voz do atendente, do outro lado da linha, Sofia perguntou quem seria capaz de mandar aquelas dores, causando tanta dor e saudade.
           O dono disse:
          - Seu marido sempre gostou de fazer tudo antecipadamente, e planejar adiante, por isso deixou estas flores pagas e elas serão entregues durante cinqüenta e um anos, por pedido dele. Está atado ao buque, um cartão especial, que ele escreveu antes de partir,  leia, e acredito que entenderá tudo.
          Desligou o telefone, e enquanto avançava para pegar o papel, seu corpo estava envolto, em uma espécie de arrepio e suas lágrimas caiam copiosamente.  Em um grande silencio, sentou se ao lado da mesa onde estavam depositadas as flores, secou os olhos, e viu o que Luis havia escrito...
          - ‘’Oi, meu amor, espero que esteja bem. Já faz um tempo que eu não estou mais ao seu lado, mas o meu coração que prometi ser seu por toda a vida esta com você. Sei que a dor é grande, e que se sente sozinha. Eu quero que você seja feliz, mesmo banhada em lágrimas, por isso todos os anos, até se completarem cinqüenta e um anos, estas flores serão entregues a você, pois meu amor por ti vai além de cinqüenta anos, e cinqüenta e um esta além de cinqüenta, depois desse período começara outra etapa de cinqüenta anos, e assim as rosas irão ate você, por toda a vida. Quando recebê-las quero que se lembre de como fomos felizes juntos. O entregador, vai levá-las todos os anos e só parará quando sua porta não mais atender.  Ele, irá seis vezes nesse dia, caso você tenha saído, mas se depois dessa ultima visita ninguém atende-lo, quando as duvidas não pairarem mais, ele levara as flores amarelas ao lugar onde eu o instrui, onde nós dois, estaremos juntos novamente’’.   
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